Conferência ‘Basic Science of a Changing Climate’. Porto, 7–8 Set 2018

By | September 10, 2018

Conferência na Universidade do Porto ‘Basic Science of a Changing Climate’, 7–8 Setembro 2018

https://www.portoconference2018.org/

Há mais de 10 anos que sigo esta temática. Não confio na forma demasiado politizada como as questões climáticas têm vindo a ser tratadas, nomeadamente, como nos querem impingir um “consenso científico” que soa a falso. O que me levou à conferência do Porto foi a oportunidade de assistir a um debate de cientistas climáticos. Havia dois pontos que me interessavam, em particular, pelo impacto que têm nas políticas públicas.
1) Vale a pena o custo enorme — em baixa do crescimento económico, perda de vidas humanas, etc — de baixar as emissões de CO2, se é questionável o impacto que isto terá no clima?
(Note-se que emissões de CO2 não é o mesmo que poluição, embora algumas actividades produzam os dois efeitos em simultâneo).
O IPCC tem uma posição alarmista e defende que a diminuição de emissões de CO2 deveria ser a primeira prioridade a nível global. Por outro lado, alguns cientistas defendem que a diminuição das emissões teria um impacto reduzidíssimo no clima.
2) Qual a verdadeira subida do nível do mar? Há razões para alarme? Há evidência de que está a subir de forma acelerada? 3 mm/ ano, em aceleração, como diz o IPCC? Ou 1 mm/ ano e constante desde há séculos (desde a mini idade do gelo) como alguns cientistas defendem? A diferença entre uma e outra posições é enorme quando projectada para o futuro.

Quanto a estes pontos, desde há anos sou muito céptico face ao IPCC. Já sabia que os relatórios, onde se resumem as conclusões dos estudos, são fortemente influenciados por agendas políticas. Isto mesmo foi-me confirmado pessoalmente pelo prof. Christopher Essex, um dos principais conferencistas, que tem alguns trabalhos na secção científica do relatório do IPCC, nomeadamente na modelização do clima. Diz que a secção científica é boa (embora incompleta) mas os resumos são alterados e os capítulos de conclusôes e recomendações são fortemente influenciados pela agenda política.
Já tinha lido muito sobre isto. Confirmei-o. E aprendi muito, sobretudo sobre o ponto 2, que conhecia pior.

Quanto ao ponto 1, cuja polémica tenho acompanhado há 12 anos, continuo muito céptico face ao IPCC. Tendo a concordar com os cientistas críticos — nomeadamente, os que defendem que o impacto da actividade solar é muito mais relevante que o CO2 humano. Mas é uma questão extremamente complexa. Duas coisas me parecem certas:
a) é dificílimo modelizar o clima, os modelos existentes não conseguem captar a sua complexidade e não são fiáveis (confirmado por Essex, um dos mais reputados experts mundiais);
b) a questão está altamente politizada, o que torna difícil o debate. O alarmismo climático tornou-se uma religião. A oposição e tentativa de censura à realização da conferência foi uma demonstração deste problema.

No site da conferência está um pdf com o programa e alguns dos abstracts das palestras. A qualidade e credenciais científicas dos palestrantes é inquestionável. Dizem-me que, em breve, será publicado um vídeo com as principais apresentações:
https://www.portoconference2018.org

Realço, em particular, as excelentes intervenções de Christopher Essex, Piers Corbyn, Thomas Wysmuller, Michael Limburg, Nils-Axel Morberg, Nicolas Scafetta, Harald Yndestad, Herman Harde e do meu amigo Hans Jelbring.

O consenso 97% ê um embuste. Se jâ pensava assim, agora não tenho dúvidas. É baseado num estudo cheio de deficiências. Como se pode ver neste link, pela prof. Judith Curry, uma das mais reputadas cientistas do clima, agora reformada (por ironia, consta nos 97%):

Uma saudação especial para o jornalista científico holandês Marcel Crok (também ele com formação cientifica, em química) que foi um dos primeiros divulgadores da crítica de McIntyre ao “hockeystick”. Jantámos juntos um dia. Contou-me que o editor da revista onde trabalhava foi pressionado para não publicar a notícia. Acabou por publicá-la no jornal canadiano Financial Post. Mais tarde, também participou na investigação ao escândalo do “climategate”. Testemunhou a pressão que existe por parte dos “alarmistas do clima” para abafar notícias que ponham em causa a “verdade oficial” do AGW. Cobriu o evento para várias publicações holandesas e internacionais.
Para quem quiser saber mais sobre esta questão, recomendo o site da organização canadiana Friends of Science. A FoS foi uma das forças que ajudou à realização da conferência e apoiará a sua divulgação.
https://www.friendsofscience.org/

Comentário adicional:
O evento foi inteiramente pago à UP, que até lucrou com ele.
Palestrantes / cientistas, na maioria, pelo que pude apurar, pagaram as suas despesas de estadia e alimentação do seu bolso. A maioria ficou em Airbnb, outros no hotel Ipanema (60 eur). Dei boleia a um dos principais conferencistas (tem mais de 65 anos) até um hostel no centro do Porto.
No final do primeiro dia, jantar com a maior parte deles, modesto, em snack bar (Capa Negra). Até o viscount Monckton (de direita, ex conselheiro de Tatcher). Curioso vê-lo ao lado de Piers Corbyn (astrofísico, de esquerda, irmão do líderctrabalhista), literalmente, e numa ‘causa’ comum. (Corbyn muito aberto, e com sentido de humor, até sobre a situação política britânica)
Orçamentos muito modestos. Em contraste evidente com eventos financiados pelo erário público, que têm orçamentos muito maiores.
A idade média dos cientistas era elevada. Tinham todos carreiras com muitos anos de investigação, alguns já reformados. Muitos referiram-se a pressões dos activistas alarmistas nas últimas décadas. Dizem que, nas universidades, há pouca gente a investigar as basic sciences. Investigadores actuais preferem trabalhar com modelos computacionais, por vezes sem entenderem bem as basic sciences. (Esta preocupação influenciou o título da conferência).
Notei um espírito muito aberto, mesmo os mais reputados estavam sempre dispostos a aceitar e a responder a questões.