Lockdown: Endgame?

By | April 10, 2020

Chegámos a um momento em que conhecemos o suficiente da epidemia e da virus-histeria para equacionarmos as opções políticas sobre o que fazer a seguir.

Opção 1: Relaxar as medidas de confinamento (protegendo selectivamente os grupos de risco até atingir a imunidade da população). Mesmo correndo o risco de antecipar casos críticos e mesmo mortes (que ocorreriam de qualquer forma no espaço de meses)
vs.
Opção 2: Manter a política de confinamento, espalhando no tempo os casos críticos e algumas mortes. Mesmo que confinados, os idosos correrão risco de infecção durante mais tempo. Corre-se o risco de termos uma segunda e terceira vaga de infecções. Não é claro qual das opções os protege melhor.

Obviamente, os custos económicos e de saúde pública relativa a outras doenças é incomensuravelmente menor na opção 1

A opção 2 corresponde a termos, provavelmente, o mesmo número de doentes críticos e mortes, mas espalhados no tempo. E se o lockdown durar meses, como será necessário se o objectivo de conter o vírus se mantiver, destruirá a economia. A economia não são só números e equações de tecnocratas. É a vida das pessoas, o esforço que fazem dia a dia para criarem e sustentarem uma família e para realizarem os seus sonhos. Além de ser o que paga todos os serviços de saúde e de segurança que nos protegem. Sem economia, não há serviços de saúde, só haverá miséria. Se, por medo, optarmos pela segurança máxima, acabaremos sem nada – nem economia, nem serviços de saúde.
Se é esse o custo de salvar vidas, fiquemos em casa para sempre e evitemos acidentes rodoviários.

O Contexto:

  1. É evidente que este coronavirus não vai desaparecer. Por mais confinamentos que se façam, o vírus continuará a ser uma ameaça mais ou menos latente. A forma natural de a humanidade lidar com os virus foi sempre adaptar-se e passar a cohabitar com eles – através da imunização, seja por via natural ou por vacinação.
  2. As notícias que nos chegam a nivel de vacinas não são muito encorajadoras. As previsões dos especialistas apontam para não antes da 2a metade de 2021. Isso significa uq eteremos mais um período crítico no próximo Outuno/ Inverno.
  3. Neste momento, não sabemos qual a penetração das infecções. Em termos técnicos, quão longe estamos da imunidade de grupo. Isso implica que não sabemos a taxa de mortalidade (IFR). Esta pode ser de 2% a 0.06% ou menos. E não o saberemos enquanto não se fizerem estes de anticorpos a amostras aleatórias de população. Algumas indicações iniciais de estudos que estão em curso apontam para um IFR muito inferior ao CFR reportado.
  4. A grande maioria das pessoas infectadas mostra sintomas muito ligeiros, e as crianças revelam-se particulramente assintomáticas. Apenas uma pequena % de infectados vêm o seu estado complicar-se. Em Portugal, as hospitalizações correspondem a cerca de 8%-9% dos casos identificados e os cuidados intensivos a menos de 1.5-2.0% (dados até 10Mar). Uma vez que os casos identificados substimam largamente as infecções reais, estamos a falar de % reais muito inferiores a estas.
  5. Pelos dados que nos chegam de Itália e de Espanha (e agora de Portugal) sabemos que grande parte das fatalidades concentram-se em grupos de risco muito particulares (Idosos e pessoas que sofrem de certas doenças crónicas ou estão em fase de recuperação / ou tratamento de doenças como o cancro, com o sistema imunitário particularmente frágil).
  6. Dados que nos chegam de outros países, indicam que uma grande maioria dos casos críticos se relacionam com doentes que apresentam diversas doenças crónicas severas, bem como patologias de risco. O Imperial College ao rever as suas previsões de mortes no RU para 20.000, indicou que entre metade a 2/3 morreriam até ao final do anos, mesmo sem covid-19.
  7. Quando começaram a chegar imagens aterradoras de Itália e depois de Espanha gerou-se um clima de medo apocalíptico. Como é habitual, os media realçam as imagens mais sensacionalistas. O “instinto” dos políticos fê-los responder à população com medo. E foram uns atrás dos outros, pois se não por outro motivo, era a atitude certa de sobrevivência política. Instituiram-se medidas draconianas de confinamento.
  8. O objectivo dos governos era, diziam, achatar a curva da epidemia. Proliferaram modelos matemáticos, com crescimentos exponenciais que indicavam que os serviços de saúde iriam colapsar. Gerou-se o pânico, com cenas caricatas – açambarcamentos, a inimaginável corrida ao papel higiénico a nível mundial. Mesmo a nível de governos, assistiu-se a uma guerra por equipamentos de protecção pessoal (máscaras, luvas, etc) e os célebres ventiladores. Verificaram-se cenas patéticas – aviões carregados de equipamentos (em grande parte oriundos da China) a sererm disputados e desviados numa guerra planetária. Disputas entre países por remessas de testes e máscaras
  9. A nível dos serviços de saúde, gerou-se uma virus-histeria. Pelo que leio, a capacidade das UCIs está ocupada a menos de 30%. Temos em Portugal 226 pacientes em UCIs (dia 10Mar, dados da DGS); eram 270 há 5 dias.
    O que se passa? Virus-histeria. As pessoas mais vulneráveis, que morriam em casa, lares e cuidados paliativos, são agora enviados para os hospitais centrais. Em parte por medo de os cuidadores se infectarem. Mas sobretudo por ter sido decretada uma doença de notificação obrigatória, pelo que os doentes têm de ir para hospitais de referência. Por medo das infecções, os doentes críticos têm um tratamento desumano, afastados das famílias; quando morrem, têm funerais indignos. Estas situações criam um cenário dantesco, fértil para mais imagens sensacionalistas, fazendo com que a virus-histeria se auto-alimente.
  10. Diversos tratamentos estão a ser praticados (Hydroxicloroquina, Remdesivir), outros em estudo (diversos antivíricos e mesmo vacinação BCG e gripal): também os tratamentos respiratórios estão em reanálise. Tudo sito, prevê-se poderá em breve reduzir os casos críticos e os tratamentos hospitalares mais intensos.
  11. Já se percebeu que, nesta pandemia, as medidas que visam achatar a curva não resolvem o problema, apenas o empurram para a frente, pois atrasam a imunidade.
  12. Esta não é a primeira pandemia vírica que a humanidade enfrenta, nem será a última. Muitas mais virão. Esta foi a primeira destes tempos de sensacionalismo viral rapidamente propagado e exponenciado pelos media modernos. Temos de encontrar melhor forma de lidar com elas. Ao menos que aprendamos a lição do desatre económico que está a começar.

Nota final:
A Suécia foi um dos poucos países que não cedeu à virus-histeria. Não instituiram confinamentos, para além de cuidados especiais com os idosos, e proibição de eventos com mais de 50 pessoas (eram mais de 500, até à semana passada). As escolas e os restaurantes permanecem abertos (nestes só eliminraram as refeições ao balcão). As universidades passaram a funcionar em regime remoto. Mas de resto, a vida segue normalmente, embora com menos movimento e mais cautela por parte das pessoas. As autoridades apenas recomendam cuidados higiénicos especiais enquanto durar a epidemia, achando que isto é suficiente para evitar o congestionamento dos serviços de saúde (o achatamento do pico). Embora esteja, como seria de esperar, a assistir a um maior número de fatalidades que os seu vizinhos nórdicos que adoptaram o confinamento, as autoridades locais consideram que os números não atingiram níveis preocupantes que os desviem da estratégia.
“I think all countries, all epidemiologists you talk to, will agree that herd immunity is the one thing that would eventually slow down the spread of this virus. Nothing else will slow it down in the long term,” Dr. Anders Tegnell, chief epidemiologist at Sweden’s public health agency and the architect of its coronavirus plans, said. “Either you reach it by people getting infected and getting well again, or you reach it by vaccinating people. And the vaccine is fairly far off.”
Jag är svensk!
Torço para que a Suécia mostre que se pode combater a epidemia sem sacrificar a liberdade. Como diz o chefe epidemiologista sueco, isto é uma maratona, não um sprint. Não é possível manter os confinamentos por tempo prolongado, sem causar danos incomensuravelmente maiores que os do virus. Temos de deixar passar o Inverno e a próxima Primavera para sabermos quem está certo. Só então se verá a diferença entre ter, ou não, uma % significativa da população imunizada