Há 23 anos, Michael Lewis escreveu este livro “Trail Fever”, sobre a corrida às presidenciais de 1996.
Lewis seguiu a campanha de diversos candidatos, que perderam as primárias. O que ele relata, com uma notável capacidade de observação, situa-se entre o grotesco e o cómico.
No entanto, os candidatos seleccionados para a corrida final costumavam situar-se num nível mais exigente.
Em 2020, na fase final, parece que voltámos às primárias de então, entre candidatos inapresentáveis.
Em 2016, estava com um enorme receio do que poderia ser uma presidência de Hillary Clinton. Não conseguia imaginar o que seria Trump na Casa Branca. Não torcia por nenhum.
Em 2020, já vi o que é Trump na presidência, nos aspectos positivos e nos negativos que revelou – quer a nível de política externa, quer interna. No seu caso, e de forma que não é habitual em países desenvolvidos, também a sua personalidade esmagadora e hiperbólica conta, pois afectou de maneira indelével a forma como se faz política.
Biden, pelo seu lado, cada vez é menos existente, parece apenas um logo do tenebroso aparelho do partido Democrata e do Deep State, que a ‘running mate” Kamala parece representar.
Estou certo de que esta madrugada sentir-me-ei derrotado e preocupado, ganhe quem ganhar.
Cansado das claques, de um lado e do outro, recordo a frase de Lewis, algures no livro, a propósito de um dos candidatos, mas que se poderia aplicar a muitos membros das claques:
“It’s one of the essential traits of the dogmatist that he acquires faith in himself through repetition.”
NOTAS: Curiosamente, este livro, numa reedição, alterou o título para “Losers: the road to everyplace but the White House”.
– I wish this were true this time.