Evolucionismo, no contexto das sociedades humanas.
Não tenho vocação para o proselitismo. Este post foi suscitado por uma interessante conversa com o Helder Ferreira.
Creio que existe alguma confusão sobre o que significa Evolucionismo, no contexto da história e das sociedades humanas. Pretendo dar o meu humilde contributo para esclarecer a questão.
Alguns confundem-no com Progressismo, o que é profundamente errado. O Progressismo, pretende fazer evoluir a sociedade numa dada direcção, por vezes de forma forçada. Numa analogia com a biologia, o Evolucionismo social está para a teoria da Evolução, como o Progressismo está para o Criacionismo.
Distingue-se, também, do tradicionalismo, que pretende manter a sociedade estática, e por vezes, fazê-la mesmo voltar a épocas anteriores. Embora partilhe com o tradicionalismo a âncora na história.
O processo de evolução das espécies baseia-se na sobrevivência dos genes e organismos mais adaptados ao ambiente, que mudam e se propagam por mutações, e “trial and error”.
Transposto para as sociedades humanas, o Evolucionismo é idêntico. As sociedades evoluem, sem um desígnio específico e central. Há uma competição de ideias, memes, ideologias, e, por “trial and error” e selecção natural, umas propagam-se e podem tornar-se dominantes, durante uma época. Outras esmorecem e, por vezes, desaparecem.
Nada obriga a que a evolução seja num sentido que podemos considerar positivo. Podem surgir memes e ideias que consideremos menos boas e que, por diversas razões, ganham adeptos e podem influenciar a evolução da sociedade. Isto dito, a sociedade em que vivemos é o resultado de sucessivas adaptações de gerações anteriores ao ambiente (natural, tecnológico). Após muitos trial and error e competição de ideias (infelizmente, por vezes com milhôes de mortes) chegámos aqui. E, a julgar pelos indíces de bem estar das sociedades desenvolvidas, nunca vivemos tão confortavelmente. Mas não é inevitável que o caminho de melhoria continue.
Isto não quer dizer que devamos ficar de braços cruzados, pela inevitabilidade da história. Pelo contrário, acho que devemos debater e lutar democraticamente pelas ideias que consideramos boas.
Agora, uma coisa é certa. O tempo não volta para trás, nem pára. A sociedade também não é estática. Se parar, por força do tempo e da entropia, degrada-se, Evoluirá sempre. Esperemos ( e façamos por isso) no sentido de melhorar (cada um julgará sob que critérios).
Agora com uma visão Liberal- Clássica e Austríaca. Como disse Hayek “We understand now that all enduring structures above the level of the simplest atoms, and up to the brain and society, are the results of, and can be explained only in terms of, processes of selective evolution…”. E “…selection by evolution is prevented by government monopolies that make competitive experimentation impossible.”
Isto está muito bem descrito no livro de Matt Ridley “The Evolution of Everything” bem como neste artigo de critica ao mesmo.
Matt Ridley: “Change in human institutions, artefacts and habits is incremental, inexorable and inevitable. It follows a narrative, going from one stage to the next; it creeps rather than jumps; it has its own spontaneous momentum, rather than being driven from outside; it has no goal or end in mind; and it largely happens by trial and error — a version of natural selection.”
Adenda, ainda citando Ridley:
“To put my explanation in its boldest and most surprising form: bad news is manmade, top–down, purposed stuff, imposed on history. Good news is accidental, unplanned, emergent stuff that gradually evolves. The things that go well are largely unintended; the things that go badly are largely intended.